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Mudar hábitos de consumo impacta diretamente a relação com as roupas e, portanto, sua durabilidade no armário
Uma das principais funções da moda é refletir o comportamento das pessoas em cada época, e isso pode ser visto de forma muito clara hoje. Se antes a decisão de comprar tênis confortáveis era pautada apenas pelo uso funcional para a prática de exercícios, atualmente, ela está atrelada também à estética pessoal e à relação com o consumo de cada um.
Durante o período de isolamento social, as grandes marcas do mercado se viram obrigadas a lidar com assuntos imediatos, como sustentabilidade. Ao mesmo tempo que as pessoas elevaram como nunca antes o nível de compras pela internet, os produtos e, principalmente as roupas, ganharam um novo sentido em meio a uma realidade inédita.
Para muitos, ter uma peça de qualidade, confortável, que oferece versatilidade de uso e ainda dure por mais tempo passou a ser um critério na hora da compra. Ainda, na discussão levantada recentemente pela tendência do quiet luxury em contraponto ao consumo em lojas baseadas em tendências passageiras, este artigo traz algumas reflexões.
Conteúdo do artigo
Quem nunca ouviu a frase ”antigamente os produtos eram feitos para durar”, por exemplo, de uma avó se referindo aos refrigeradores, ou ainda de um amigo fã de tecnologia sobre os aparelhos celulares? Termos como obsolescência programada entram em pauta quando o assunto é a durabilidade de mercadorias existentes hoje, e isso também se aplica à moda.
Algodão e linho são apenas alguns exemplos de fibras naturais usadas desde a Antiguidade para a produção de roupas e outros produtos têxteis. Atualmente, existe também o cânhamo, servindo como matéria-prima natural para confeccionar tecidos mais resistentes, respiráveis, que regulam a temperatura mais facilmente e são versáteis.
Nem todo tecido sintético é sinônimo de baixa qualidade. Existem fibras produzidas a partir de materiais reciclados, que além de reduzirem o volume de resíduos descartados, conseguem oferecer melhor acabamento no produto final, além de durabilidade.
As técnicas utilizadas durante a produção de uma peça de roupa impactam diretamente na qualidade final do produto. Uma camiseta de algodão egípcio costurada com um material de baixa qualidade ou desalinhada vai ter menor durabilidade que uma peça produzida à mão ou com um controle de qualidade mais rigoroso.
Até mesmo as suas peças de roupa mais baratas devem ser manuseadas de forma correta. Evitar o contato de peças claras com outras que liberam corantes, optar pela lavagem à mão de peças mais sensíveis e guardar roupas conforme a indicação da etiqueta são formas de aumentar a vida útil das peças.
Ao falarmos de peças mais duráveis e com certificação de sustentabilidade, é comum que as pessoas as associem a produtos com faixas de preço mais altos. De fato, alguns processos de fabricação e materiais podem aumentar o valor final de uma peça, mas isso não se aplica sempre.
Uma camiseta branca com corte clássico e de um tecido resistente vai ser útil em um número bem maior de ocasiões do que uma com estampa gráfica, seguindo uma tendência. Ao investir em peças básicas e com maior qualidade, você aumenta as possibilidades de combinações entre as roupas do armário e aprende a fazer escolhas mais inteligentes de compra.
Hoje em dia, o preço de roupas em diversas lojas de departamento, que antes era um dos principais atrativos de consumo, não difere tanto de lojas mais segmentadas. Como opção, é possível investir em peças de designers autorais, que geralmente produzem sob demanda e com o menor desperdício de materiais, sendo estes de maior qualidade.
Além de investir em uma roupa com um caimento melhor, essa prática movimenta o comércio, a cena criativa local e permite total transparência sobre a origem da matéria-prima e das etapas de produção. Também cria-se um vínculo entre criador, produto e consumidor, diferente do que acontece no habitual em lojas convencionais.
Mesmo para quem não quer abrir mão da praticidade de comprar em lojas convencionais, tanto físicas como on-line, é possível atentar-se aos materiais. Muitas marcas possuem linhas especiais confeccionadas com tecidos de matéria-prima reciclada, como tecidos originados de garrafa PET, descarte industrial de tecidos e com uso reduzido de tingimentos.